sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Fallout: New Vegas


"War...war never changes..."


Os RPGs são um género muito adorado e com uma enorme legião de fãs hoje em dia, e uma das franchises que consegue destacar-se de todas as outras pela sua história infindável e um grande sucesso, é a série Fallout. Lançado em 1997 pela primeira vez, Fallout foi lançado para o PC e Mac como um RPG imersivo, numa altura pós-apocalíptica e com uma apresentação isométrica, dando também uma vertente mais estratégica do que propriamente RPG. Tanto Fallout como Fallout 2 criados pela já defunta Black Isle, ofereciam um universo enorme por explorar, e uma liberdade sem precedentes. Vários pontos desde prostituição, uso de drogas e casamentos homossexuais faziam parte do jogo, para além do ponto principal, a garantia de sobrevivência dos seus entes queridos. Para além dos spin-offs, Fallout Tactics: Brotherhood of Steel e Fallout: Brotherhood of Steel, a série viria atingir o seu expoente máximo, com a venda da franchise à Bethesda Softworks, companhia responsável pela franchise The Elder Scrolls, ao lançar em 2008 o jogo Fallout 3.

Usando o motor de jogo Gamebryo, motor este que foi adoptado para jogos como The Elder Scrolls IV: Oblivion, Bully: Scholarship Edition ou então Sid Meier's Pirates!, Fallout 3 conseguiu ser a melhor mistura que a Bethesda até hoje havia feito. Com um mundo completamente devastado, uma história imersa e uma jogabilidade acessível, Fallout 3 foi aclamado pela crítica como um dos melhores jogos do ano de 2008 tendo recebido vários prémios. A Obsidian, equipa que é formada por membros da Black Isle, ficou então encarregada de criar o novo capítulo da saga Fallout, de nome Fallout: New Vegas. Utilizando o mesmo motor de jogo que foi usado para Fallout 3, a Obsidian e a Bethesda conseguiram então misturar o melhor da franchise, para criar definitivamente, a melhor experiência Fallout de sempre. Será que correu bem?

De uma maneira resumida, no universo de Fallout, os Estados Unidos, China e outros países envolveram-se em conflitos nucleares mundiais em grande escala e maior parte da população refugiou-se em caixas-fortes subterrâneas de nome “Vault”. O resultado foi numa anexação do Canadá por partes dos Estados Unidos, e num país Americano completamente dizimado, onde a radiação desfigurou pessoas, criando assim monstros humanóides de nome “Ghouls”, animais afectados com deformações de nascença ou então com o dobro do tamanho e um eco-sistema completamente poluído. O que resta é um país completamente parado culturalmente na década de 50, a população que sobreviveu, morre aos poucos, e a que consegue sobreviver, vive na sua comunidade ou aldeia dentro deste Estados Unidos da América desfigurado.

Fallout: New Vegas decorre quatro anos após os eventos de Fallout 3, só que em localizações diferentes dos Estados Unidos da América. Enquanto que Fallout 3 decorre numa pós-apocalíptica Washington, no ano 2277, enquanto que Fallout: New Vegas decorre em Las Vegas no ano 2281. Ao contrário de Washington D.C., Las Vegas foi uma das localizações dos Estados Unidos da América que não esteve em contacto directo com os confrontos nucleares que atingiram o planeta, logo, as primeiras impressões que iremos ter com o ambiente envolvente, é uma cenário menos desolado e com infraestruturas ainda intactas. Em Fallout: New Vegas, iremos desempenhar o papel de um simples estafeta da cidade, e assim que iremos entregar um item muito importante de nome “Platinum Chip” ao seu destinatário, uma facção de nome The Great Khans intercepta a nossa personagem, rouba o item e tenta assassinar-nos. Miraculosamente, a nossa personagem sobrevive, e assim que recupera a consciência, vai fazer de tudo para recuperar o “Platinum Chip” e investigar a razão por trás da tentativa de assassinato.

Se desconhecem completamente a mecânica de jogo e nunca jogaram The Elder Scrolls IV: Oblivion ou Fallout 3, Fallout: New Vegas é um Role Playing Game de raiz que abrange os géneros First Person Shooter e Role Playing Game de acção. Iremos ver a nossa personagem na perspectiva First Person Shooter ou Third Person Shooter, e iremos personalizar e equipar a nossa personagem com um número variado de armas, armaduras e adereços. Todos estes objectos poderão ser comprados, roubados ou retirados de cadáveres. No início do jogo, as armas que iremos ter acesso podem possuir uma qualidade fraca, passando desde a simples faca, pistola de mão até a um taco de basebol. Em termos de armaduras, vamos começar o jogo com fato do nosso “Vault”, e iremos ter acesso a simples armaduras que podem ser retiradas aos primeiros seres humanos que nos fizerem frente, ou que simplesmente quiserem arranjar sarilhos.



Em Fallout: New Vegas, os inimigos que iremos encontrar neste jogo não são seres humanos, e nesta zona desolada e desértica, iremos encontrar todo o género de criaturas que não irão exitar em eliminar-nos para se alimentarem. Preparem-se para encontrar bandos de “Ghouls” esfomeados, Radscorpions que são escorpiões mutados pela radiação, até formigas também mutadas, estes dois últimos podem atingir o tamanho de motociclos. Outras criaturas também foram afectadas e que nos podem atacar, como abelhas, bodes ou vacas e que podem ter um tamanho bem maior que o normal e mais cabeças. A interacção com os NPCs (None Playable Characters) é um dos pontos mais importantes do jogo, sendo que iremos ter um sistema de moralidade e de facções. Todas as nossas acções desde matar inocentes, roubar e tomar decisões que sejam maléficas, podem atribuir-nos um karma negativo, e que afectam as nossas futuras relações com NPCs bem como o final do jogo. Em Fallout: New Vegas temos também de ser específicos nas facções que nos iremos aliar, sendo que a aliança com um facção poderá desbloquear várias missões, mas também poderá significar a impossibilidade de comunicação com as facções inimigos, onde poderemos até ser atacados por membros dessa facção inimiga, caso nos cruzemos com estes.

Um dos objectos mais importantes que iremos carregar nesta nossa demanda é o “Pip-Boy”, e este objecto é como um GPS multi-tarefas que irá estar sempre no pulso do jogador. Com este “Pip-Boy” vamos poder fazer tudo desde pesquisar os nossos items pessoais, armas, armaduras, verificar as nossas missões activas e pendentes. O GPS existente no “Pip-Boy” é uma das aplicações mais úteis e importantes do jogo, sendo que aqui iremos ver a nossa localização, a localização da nossa missão activa, e activar uma opção de nome “Fast Travel”. “Fast Travel” baseia-se numa opção que nos permite rapidamente deslocar para uma cidade ou infra-estrutura importante, que já tenhamos descoberto, sem encontrar qualquer género de inimigos. Caso estejamos a ser visto por inimigos, o “Fast Travel” não permite que nos desloquemos. A evolução da nossa personagem é feita a partir de um sistema de níveis, e com o nosso “Pip-Boy” vamos poder escolher desde várias características como aptidão para reparar items, para negociar, para manusear várias armas ou até para roubar.

Para além destas simples estatísticas, vamos ter estatísticas especiais de nome “Perks”, e que são habilidades específicas que nos iremos escolher e desbloquear ao subir de nível. Apenas um “Perk” pode ser escolhido na subida de nível, e estes “Perks” podem variar desde, uma maior aptidão para ambientes nocturnos, uma maior resistência a radiação, até a “Perks” mais carismáticos como o Misterious Stranger, e que após automaticamente accionado, irá chamar um pistoleiro que irá exterminar automaticamente um inimigo que estejamos a atacar a partir do VATS. O VATS é um sistema de ataque e que permite concentrar o nosso ataque em zonas específicas do corpo. Ao activarmos o VATS, o tempo irá para, e os nossos ataques consomem “AP”. O “AP” que a nossa arma consumir por cada tiro, irá determinar o número de tiros que iremos efectuar no nosso inimigo, e a barra de “AP” poderá ser cheia novamente ou esperando alguns segundos, ou então com items especiais. Desta maneira é possível causar dano especial ou então danificar certos membros da personagem como visão, braços ou pernas.

Se jogaram The Elder Scrolls IV: Oblivion ou Fallout 3, não vão achar estranha a apresentação e a mecânica em Fallout: New Vegas. À primeira vista vão reparar que a Las Vegas foi um localização que não sofreu um impacto tão forte como em Washington D.C., e irão reparar que todo o ambiente em si encontra-se de uma certa maneira mais vivo. Outros seres vivos como plantas e aves podem ser encontradas neste jogos. Certas plantas podem dar frutos e que podem ser fundamentais para a criação de outros items. Em termos de qualidade gráfica, existem muito poucas melhorias, sendo que iremos visualizar um motor gráfico que fico muito aquém daquilo que é apresentado hoje em dia. Uma melhoria gráfica ou troca de motor de jogo era uma mudança que não sacrificava qualquer ponto no jogo. A física em geral do jogo oferece uma deslocação e expressividade das personagens muito invulgar e desajeitada. As personagens não caminham por cima de escadas, deslizam, e ao atacarem parecem robôs com problemas de movimentação. Infelizmente para quem conheçe Oblivion e Fallout 3, os bugs e glitches são uma constante, e como Fallout: New Vegas possui o mesmo motor jogo, não é excepção. Não se assustem se verem personagens a correr no mesmo sítio contra uma parede, inimigos a afundarem-se no cenário ou outro género de acontecimentos insólitos. Estes feitos desnecessários podiam ter sido corrigidos ou evitados com testes prévios do jogo.



Fallout: New Vegas possui uma sonoplastia de grande qualidade, como já era de esperar nos jogos da série e mais principalmente em Fallout 3. Como já era de esperar, não se admirem se por acaso conseguirem identificar vozes famosas neste jogo, algumas destas são de actores de renome como Ron Pearlman, Wayne Newton, Matthew Perry ou até Felicia Day. Para além da actuação de voz muito forte, podem encontrar um reportório de músicas clássicas dos anos 50 como Blue Moon que foi interpretada por vários músicos como Frank Sinatra, Louis Armstrong, Elvis Presley ou até a nossa Amália Rodrigues, e que podem ser ouvidas ao ligar a uma das estações de rádio a partir do nosso “Pip-Boy”, e que também possui um locutor de rádio. Ao caminhar pelas zonas desoladas de Las Vegas, podem também ouvir o som de pássaros pelo ar, vento a soprar e afins, mostrando mais uma vez, a pouca vida que ainda paira pela zona.

Para além dos finais múltiplos, Fallout: New Vegas tem um valor de repetição muito elevado, graças às missões extras e exclusivas para cada facção, e que só podem ser executadas se obtivermos uma aliança com essas mesmas facções. Em Fallout: New Vegas, existe também um novo modo de jogo de nome Hardcore Mode. Este novo modo vem oferecer uma experiência ainda mais realista e desafiante para o jogador. Tecnicamente, em Hardcore Mode, a dificuldade irá ser muito mais acentuada, e certos items como o Stimpak não curam instantaneamente o jogador, e levando assim mais tempo a curar. Se por acaso partirmos algum membro, um simples Stimpak não irá cura-lo, sendo necessário assistência médica ou items especiais. A personagem necessita também de comer, beber e dormir para evitar morrer à fome, sede ou de exaustão.


Fallout: New Vegas é sem dúvida um fan service para todos os fãs de Fallout 3, oferecendo assim uma experiência mais credível, com mais extras e mais razões para repetir o jogo. Se foram dos poucos que não conseguirem ver para além dos seus constantes bugs e glitches, então não olhem para este jogo. Preparem-se para esgotar muitas horas da vossa vida a tirar o máximo partido deste novo capítulo da saga Fallout. Apesar de um pouco datado, se a missão da Obsidian e Bethesda foi de fazer o melhor Fallout até agora existente, então eles conseguiram.

Por Mygames

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