Sonic & Sega All-Stars Racing - Análise
Ainda antes de ter experimentado Mario Kart (versão SNES), lembro-me de ter jogado numa máquina arcade que transpirava puro fascínio e distinção dentro deste género de corridas absolutamente frenéticas e loucas. Bólides de toda a estirpe e formatos tripulados por pilotos maiores que os carros e com firmes definições de comportamento. Decorreram imensos anos, tantos que chego ao ponto de nem recordar o nome dessa cabina que ombreava com a carenagem e monitor do Super Hang-On. Grandes gráficos, um som à maneira e uma jogabilidade hilariante pela forma como o carro derrapava perante as solicitações mais bruscas do volante às curvas mais apertadas.
Pouco depois entrou em cena Mario Kart que, em pouco tempo, viria a definir o género dada a forma absolutamente engenhosa como arrumava com disciplina uma corrida (abarcando personagens da fábrica Nintendo) pondo-as em permanente desafio com a construção e “layout” da pista impecáveis, mas também com uma série de “power ups” e estrutura de confronto que em segundos desvirtuavam a tabela de classificação.
É justo dizer que desde esse período o género se estabilizou e muitos produtos concorrentes foram chegando nos tempos imediatos às mais diversas plataformas, cada qual com o segmento de personagens, embora sem modificar minimamente as regras estruturantes. À medida que a tecnologia evoluiu a transição para as três dimensões reforçou sobretudo os cenários, mais vistosos e esculpidos, bem como um notável reforço na sensação de velocidade.
Realmente, em termos de velocidade com automóveis mais ou menos sérios, a Sega vai bem lançada na parceria frutuosa que vem desenvolvendo com a Sumo Digital. Dos ralis, até à pauta arcade que se estabilizou em OutRun arcade, eles sabem o que fazem. E logo que avançam para as primeiras provas, começam a colher doses significativas de agrado pela forma como os pequenos veículos (entre motas, pequenos Karts, carros e outros – a motinha do Alex Kidd é mesmo mini) se desembaraçam com maior velocidade à custa dos botões de propulsão ou “power ups” recolhidos em certos pontos. Curvar com estilo é outra técnica que se desenvolve com facilidade, premindo o botão de drift, que logo solta a traseira do veículo e se o segurarem nessa posição por alguns segundos, ganham um pequeno incremento de velocidade logo que findam a negociação da curva.
A sensação de velocidade é boa e raramente ocorrem quebras na animação o que deixa uma muito digna aprazível e salutar fluidez ao longo da corrida, mesmo nas pistas onde abundam a caracterização e animação. Nas provas iniciais do modo campeonato a dificuldade de principiante permite uma imediata aclimatação às regras que no fundo são as mesmas de sempre, por isso sem surpresas. Recolher os bónus que na sua maioria tanto servem para ganhar velocidade extra como atacar os adversários que seguem à frente e, com tempo, aproveitar os atalhos dos percursos para ganhar tempo, uma estratégia que é fundamental nos níveis mais elevados.
Para lá da jogabilidade concreta e muito definida tendo por base o alinhamento de OutRun que em pouco tempo acaba por ser chamado à colação e se entrega com sucesso, é visível ainda um empenho da Sumo Digital em proporcionar todo um festival de cor e luz graças à extensão e diversidade das pistas, feitas a partir dos universos dos protagonistas que emprestam os seus dotes de condução. A quantidade de áreas e pistas a percorrer é abissal, muito bem caracterizadas, aqui e acolá com armadilhas, pontos de atalho, ícones e outras flores que de certo modo sempre foram uma imagem de marca de alguns jogos Sega como por exemplo os cenários grandiosos e idílicos em Daytona USA e de certo modo Crazy Taxi. Bem que nalguns casos o percurso podia estar ainda mais armadilhado e desenhado de forma a levar o jogador a errar mais algumas vezes. Nalguns casos chega-se a percorrer uma boa distância com o acelerador em fundo e sempre com uma boa largura de pista.
O elenco de personagens é atendível pela amplitude, com algumas delas bloqueadas, sendo imperioso acumular milhas Sega (através de vitórias em corridas singulares ou para vários jogadores) para obter mais personagens, cenários e músicas. Cada personagem detém um veículo e todos eles têm diferenças entre si, podendo ser rentabilizadas certas máquinas em pistas específicas. Nada que constitua propriamente uma novidade. No entanto, entre os mais de vinte participantes, os mais ou menos nostálgicos irão apreciar a participação de Jacky Briant e Akira Yuki da série Virtua Fighter, Beat de Jet Set Radio, Ryu Hazuki de Shenmue e até Banjo and Kazooie para a versão Xbox 360.
Sem revolucionar ou acrescentar novos tópicos a um género que nos moldes mais recentes funciona bem como uma espécie de jogo festa, agregando personagens de uma fábrica, como se estas saíssem dos seus respectivos empregos para uma corrida de fim-de-semana num kartódromo a fim de estreitarem laços de convívio e confraternização, este Sonic & Sega All-stars racing acaba por se tornar numa opção de respeito e que parece devolver com sucesso à Sega aqueles tempos estrondosos das máquinas arcade. É certo que a fórmula é simples e algo reciclada (só que sempre foram assim os jogos arcade, acessíveis e imediatos), mas vendo bem a disponibilidade, variedade das pistas, grau de caracterização, empenho numa jogabilidade alinhada com o tom festivo e divertido desta espécie de corridas, agregadas que estão personagens marcantes ao longo dos anos, fica o registo de mais um bom trabalho da Sumo Digital.
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