Análise: Resident Evil 5: Lost in Nightmares
Quase um ano depois da chegada do jogo original, Resident Evil 5: Lost in Nightmares chega para dar aos jogadores um dos mais deliciosos pedaços que vão poder encontrar no jogo, especialmente se são fãs e acompanham a série desde o original. Aquando do lançamento do produto original, a espantosa produção a nível técnico não foi suficiente para evitar a divisão entre os fãs que ficaram como que perdidos perante a nova direcção que a Capcom decidiu dar à série. Apostando claramente numa maior componente de acção e praticamente relegando as suas raízes de survival horror, Resident Evil 5 quase se tornou numa experiência irreconhecível aos olhos dos fãs. No entanto, com Lost in Nightmares estes vão ter precisamente duas coisas, aquilo que não tiveram no produto original e a prova de que a série pode sobreviver assente nos moldes que lhe deram o sucesso.
Lost in Nightmares decorre antes dos eventos que dão início ao original, cerca de três anos, antes de Chris chegar a África. Decorre quando Chris e Jill decidem investigar a suposta localização onde se encontra o fundador da Umbrella, e como sabem os que jogaram Resident Evil 5, as coisas não terminaram muito bem. Mas até à data faltava saber o que aconteceu antes da dupla se encontrar com Albert Wesker. Agora, podemos descobrir a viagem que a Capcom ainda tinha para contar.
Assim que a dupla entra na mansão, é evidente e clara a intenção da Capcom, homenagear tanto a série assim como os fãs que lhe conferiram o sucesso com o apresentar de um local que a todo o momento invoca a origem de tudo. A entrada furtiva dá-se de noite debaixo de um céu carregado de nuvens e ao som de relâmpagos que se fazem ecoar e abafam o ensurdecedor silêncio que apenas poderia servir para incutir uma falsa sensação de tranquilidade e segurança. O tom sombrio, a palete de cores escuras com luzes de candeeiros que formam sombras e contornos quase hipnotizadores, é um completo contraste com as secções de dia e solarengas passadas em África. A nostalgia surge e quando nos começámos a sentir inquietos, é quando percebemos que a Capcom fez algo muito bem feito. Isto também nos faz sentir na obrigação de deixar uma palavra de elogio ao visual do jogo que se no design da mansão é brilhante enquanto impulsionador de nostalgia e palco de acontecimentos, na componente visual surge tão impressionante quanto no dia de lançamento. Um verdadeiro atestado de qualidade para um jogo que já tem quase um ano.
Com um número limitado de munições, temos então uma mansão a explorar e cedo compreendemos que mais um dos aclamados elementos distintos da série foram inevitavelmente recuperados, os puzzles. Saudosos por um “crank”? Então não se façam rogados pois é chegada a vossa hora. Passo a passo vamos percebendo que cada puzzle é uma pequena peça de um quebra-cabeças que abrange todo o espaço à disposição, tal e qual como no original. Os sons estranhos e inquietantes são recorrentes e se ficarem sobressaltados, então é porque o desejado teve efeito. Resumindo, uma homenagem que é prestada a si mesmo.
Obviamente que a Capcom não podia deixar de lado as melhores ideias de Resident Evil 5 e a cooperação entre personagens é outra das componentes essenciais na experiência. Em certos momentos a cooperação é o meio para resolver puzzles e noutros é uma obrigação para a sobrevivência. A experiência vai precisamente buscar inspiração aos momentos mais aclamados da série e o termo survival horror surge com uma força a aclamar. Nos momentos finais do episódio, a Capcom deixa o jogador numa verdadeira situação em que tem de lutar pela sua sobrevivência sendo forçado a usar os (poucos) meios à disposição. A intensidade atinge o seu expoente máximo precisamente antes do clímax que surge com o já anunciado confronto com um velho conhecido. Não, não é o Keanu.
A aventura de Chris e Jill por esta nova mansão demora cerca de 1 hora a ser terminada, as estatísticas marcaram 1:08 quando terminei pela primeira vez em Normal. A procura por todas as recompensas, a tentativa de terminar em dificuldades superiores e ainda a tentativa de obter melhor pontuação são os incentivos oferecidos pela Capcom patrocinados pela integração de novos Troféus/Conquistas de jogador que dão o aumento à longevidade que um produto destes precisa. A oferta de duas novas personagens para o modo Versus e a inclusão do modo Mercenaries Reunion dão maior valor ao produto. Reunion é precisamente o modo Mercenaries mas com a possibilidade de jogar com novos personagens (como Barry e Excella). A vontade de o voltar a jogar é elevada e recomendada.
Resident Evil 5: Lost in Nightmares é uma verdadeira preciosidade para os fãs e tudo aquilo que se pode pedir a uma companhia na elaboração de conteúdos adicionais. O recuperar do ambiente do Resident Evil original e das sensações que este conferia, são um trunfo ao seu dispor e este é sem dúvida um dos melhores conteúdos adicionais que tive o prazer de jogar até à data. Depois de toda a controvérsia surgida em torno de Versus, a Capcom acerta em cheio com algo essencial para os mais devotos aficionados e uma amostra do que pode ainda fazer com a série.
Por Eurogamer
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